segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

MADONNA MIA!

Eu queria ser Madonna. A primeira imagem do meu dia, desde sempre, pelo menos desde que consigo me recordar, é aquela mulher de cabelos angelicais, quase brancos, usando chapéu, pernas abertas na cadeira, braços cruzados no encosto, olhando autoconfiante pra mim.
Nos clipes, homens esculpidos aos ferros da academia, peitos rijos, másculos, luminosamente untados, eram seus escravos, menosprezados, usados e abusados. Fosse eu Madonna, estariam na cama comigo. Eu exploraria seus corpos, mão espalmada, dedos firmes como os da minha deusa; olhar performático para os espelhos (ou as câmeras). Meu destino era ser ela.
Eu dividia o quarto com Luana. Aprendi, só de olhar minha adolescente-irmã, a me maquiar, a usar um certo ar blasé, a fingir e a mascarar meus sentimentos. Meu pai entristeceria se soubesse de minhas ambições. Me levava sempre pra igreja. Queria evitar os riscos de eu me perder, de eu profanar a casa pudica que mamãe e ele haviam erguido e coberto com as folhas da sagrada escritura.
Quando pequena, minha irmã ia pra escolinha do tio Paulo. Como ele era professor de educação física, conseguia bolsa atleta para ela. Todos os anos ela fazia um esporte diferente. Ela tinha os braços firmes, as pernas torneadas, ombros emoldurados por cabelos negros que sempre prendia para não atrapalhar com os esportes. Mas nunca se deixava matricular no futebol, para a tristeza de papai.
Lá pelos meus sete ou oito anos, minha vez também chegara. Natação, pra curar os pulmões. Depois, já que respirava melhor e estava menos frágil, futebol. Detestava o esporte, mas era a forma de ter uma boa educação. Papai era muito grato ao irmão mais moço. O único da escadinha que completara os estudos. Era professor! E ajudava como podia.
A única coisa boa do futebol era a comemoração dos gols. Meninos tirando a camisa, expondo o peito que, de tão suado, me lembrava os bailarinos da Madonna. Mas, para não perder a visão privilegiada, eu me deixava aprender as artimanhas da bola. Permaneci no futebol. Até me orgulhava quando ia algum amigo de papai em casa, no domingo, e ele comentava, olhos brilhantes, “joga feito homem!”
No quarto, Luana me via dançar, rebolar, fazer caras, bocas, poses. Quando queria algo, ameaçava falar pra mãe e pro pai que eu queria ser a Madonna; que queria me chamar Luz Madonna. Eu revidava com a possibilidade de dizer do namoro com o Joca e dos comprimidinhos que ela tomava todo dia. Éramos assim. Nos defendíamos e nos ofendíamos nos momentos necessários. Foi ela que me contou como os bebês nasciam. Que eu teria pelos pubianos e tudo o mais do pacote da puberdade. Mas eu não queria isso. Só desejava ser Madonna. Por isso, quase não podia esperar a hora de fazer aula de dança. Mas o tio saiu da escola.
No ano seguinte, a mãe ficou doente. Luana não morava mais em casa. O pai não queria filha perdida sob o teto dele. O quarto era só meu. Os pôsteres, os clipes e até a maquiagem dela haviam ficado. Nunca mudei a arrumação. Mas estava só. Me sentia só. Se eu fosse Madonna, teria multidões aos meus pés. Solidão não faria parte da minha vida. Mamãe morreu.
Cada noite, papai trazia uma mulher diferente para cama. Passou a fumar. Cinco maços por dia. O dinheiro diminuía. Ele gritava. O botequim tinha um novo cliente. Luana queria me levar pra casa dela. Estava bem casada. Joca fazia de tudo por ela e pelo filho. Mas, papai me queria perto dele. Ele falava pra ofendê-la “Mais ninguém dessa família vai se perder como você!”
O som estava bastante alto daquela vez. Papai deveria voltar lá pelas onze da noite, como de costume. Eu tinha tempo. Me maquiei, coloquei uma saia curta de Luana para mostrar as formas de atleta. Minha diva me embalava em movimentos sensuais que eu repetia de olhos fechados. Quando a música terminou, no espelho, vi uma mulher que me olhava parada da porta.
Um perfume barato, misturado ao álcool invadia o quarto. Sua voz desdenhosa chamou meu pai. “Mané, vem ver isso aqui.” Não havia por onde sair. Nem como me despir de Madonna. Os olhos já vermelhos de meu pai ficaram injetados. Dentes a mostra enquanto ele espumava gritando pra prostituta sair de casa. Tirando o cinto, ele me disse que acertaria contas comigo naquela noite. Não havia o que argumentar. Fechei os olhos esperando o couro largo deixar sua primeira marca em mim. A cintada não veio.
O soco no estômago me roubou o ar. Caí com o rosto na cama e os joelhos no chão. Nem quando ainda tinha crises respiratórias me prostrara daquele jeito. Meu grito fora abafado pelos gemidinhos da Madonna que ainda se ouvia a ecoar no silêncio entre meu pai e eu. Grossas lágrimas me desceram dos olhos. Era o sexo de meu pai a me dilacerar as entranhas enquanto repetia “Toma seu veado, não é disso que tu gosta?!”

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Verdade incontestável

Bumerangue blues


Tudo o que você faz, um dia volta pra você
Tudo o que você faz, um dia volta pra você
E se você fizer o mal, com o mal um dia você vai ter de viver

Não me entregue o seu ódio, sua crise existencial
Preliminares não me atingem, o que interessa é o final
E não me venha com problemas, sinta sozinho o seu mal

Porque tentar, tentei demais e você só me usou
Eu tentava ajudar e você sé me queimou
Mas é errando que se aprende: minha boa vontade se esgotou

Como um bumerangue
Tudo vai voltar
E a ferida que você me faz
É em você que vai sangrar
Eu tenho cicatrizes
Mas eu não me importo, não
Melhor do que a sua ferida aberta
E o sangue ruim do seu coração

Só não entendo como fui cair
Dentro da sua teia
E não tentei fugir
Me sinto mal lembrando o que aconteceu
Você tentou roubar
Mas o bumerangue agora é meu

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Pra Ritinha

eu levo o seu coração comigo

e. e. cummings


eu levo o seu coração comigo (eu o levo no
meu coração) eu nunca estou sem ele (a qualquer lugar
que eu vá, meu bem, e o que que quer que seja feito
por mim somente é o que você faria, minha querida)

tenho medo

que a minha sina (pois você é a minha sina, minha doçura) eu não quero
nenhum mundo (pois bonita você é meu mundo, minha verdade)
e é você que é o que quer que seja o que a lua signifique
e você é qualquer coisa que um sol vai sempre cantar

aqui está o mais profundo segredo que ninguém sabe
(aqui é a raiz da raiz e o botão do botão
e o céu do céu de uma árvore chamada vida, que cresce
mais alto do que a alma possa esperar ou a mente possa esconder)
e isso é a maravilha que está mantendo as estrelas distantes

eu levo o seu coração (eu o levo no meu coração)


(Tradução: Regina Werneck)

Pra quem não conhece, Ritinha foi uma das poucas criaturinhas que conheci nessa vida que estava sempre sorrindo. Dona de um sorriso limpo, franco. Mas o que mais sorria nela eram os olhos. Não há um momento na vida em que a lembrança dela não esteja presente.
Ritinha era minha irmã. Um raio de luz risonho que esteve 28 anos por aqui.
Mana, sinto tua falta.
O poema acima é sugestão da Nane (minha também amada irmã).

Beijos orvalhados e saudosos.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Sal

Mar
Suor
Língua


Ondas
Gotas
Papilas



Saliva



Sabor
Sabido
De súbito



Sentidos
Salgados
Safados



Sobe.
Desce.
Goteja.



Espraia.
Espreita.
Expele.



Mareja
A pele
Em apelos.



Salvação
Salmoura
Saudade.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Maré de azar pouca é bobagem....

Pois eh...


O tema do post anterior foi um assalto seguido da morte dos ladrões (não recomendo pra ninguém a experiência).


Passado o susto, na semana seguinte, voltei para a minha casinha e para minhas atividades na universidade...


Terça-feira, 8 da manhã o busão chega no ponto final (Campus da cidade Universitária)... ao desembarcar, quando firmava a perna esquerda no chão... Tchanã!!!!!


Que dor dos infernos no joelho!!!!!


Meio arrastando meio mancando... chego à coordenação do meu mestrado. O caminho de menos de 100m foi percorrido em uns 5 minutos (por causa da dor).


Transporte para o hospital providenciado.... algumas horas de espera e um Raio X depois, o ortopedista de plantão manda colocar a perna na tala e solicita uma ressonância magnética do joelho.


Aluguel de moletas...


Dia seguinte, volto ao hospital para a ressonância... Cadê a requisição do médico? Ninguém sabe, ninguém viu.... Liga para um setor... Telefona para a fulana que agendou o exame... Fala com o chefe disso... Com a assistente daquilo... Acham a guia... mas.... Perco a hora do exame.


Reagendando para o outro dia...


Maldita tala!!!.... Que coisa q coça e esquenta!!!


Exame feito... EEEEEEEEEEEEEE.......... Aguardar 3 dias úteis para o resultado.... ODEIO ESPERAR!!!


Ligo no hospital e pergunto do ortopedista... "quinta de manhã" (leia-se quinta-feira da semana seguinte ao acidente com o joelho) ... OK.... lá vou eu...


Chegando lá.... "Retorno só de tarde... Se fosse consulta era agora pela manhã... mas retorno... você vai ter q vir às 13:30...."


AFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFF


Vontade doida de soltar um Mega palavrão... mas a moça naum tinha culpa de um infeliz ter me passado as informações erradas por telefone....


BOM... agora são 9:41 dessa mesma quinta-feira.... Estou aqui contando os minutos pra saber o q aconteceu com meu joelho....


Agora.... como maré de azar pouca é bobagem.... Pra isso aqui virar um Tsunami... só falta ter q operar....


Mas essa onda... (só rindo pra não chorar)... eu conto depois....


Beijos orvalhados

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Parece ficção...

Meio atordoada pelo súbito da ordem, ela ergue os braços ao nível da cabeça. Olhos estatelados, fixos no metal negro. O rosto de moleque, incompatível com o vazio dos olhos e o ácido da voz, repetia "Pro chão, pro chão! Pega o dinheiro! Isso é um assalto!". Era um menino bonito até, não mais que 15 anos de idade. Segurando aquela arma fria, sem vida, ceifadora de vidas, parecia uma caricatura de Rambo, de Bradoc, ou um Dadinho qualquer da Cidade de Deus. Mas a pele branca, os cabelos lisos não conseguiam enganar a quem olhasse suas mãos armadas.
Em direção ao chão seus joelhos dobram e ela se "esconde" rente à parede. Olhos fechados. Ouvidos atentos.
Uma voz a gritar "Polícia!" rasga o denso silêncio entre os computadores.
A Lan House torna-se câmara de eco para os estampidos.
Olhos ainda fechados, ela perde a conta.
Dois baques surdos no chão. O garoto e o comparsa ficam no piso gelado. Em breve estarão com a mesma temperatura. Terão a cor arroxeada e uma aura vermelha a contornar seus corpos.
Os pobres e assustados usuários lentamente se desentocam. Um deles sangrava na cabeça. Tiro de raspão. Irá sobreviver. Uma menina treme daqui; outra chora acolá. Um rapaz espana a poeira que grudara a suas roupas. Três moças saem do minúsculo banheiro.
Saindo de baixo da bancada do computador, ela percebe que a 2 palmos de seus pés estão os cadáveres dos marginais. Um deles ainda tem espasmos - é a morte entrando e a vida se despedindo. Uma náusea que jamais sairá daquele corpo.
Bombeiros, polícia civil, polícia militar, curiosos, fita de isolamento. Chá de cadeira na delegacia. Horas intermináveis a escoerem juntamente com as gotas da chuva na janela. E tudo em que ela consegue pensar é na garotinha de 3 anos e olhos brilhantes que a aguarda em casa.
...........
Parece ficcção, neh?
Pena que tenha sido real. E que ela seja eu.
Ainda atordoada pelo susto e pelo barulho dos tiros.
Mas... como diz a música... I will survive.
Beijos orvalhados a tod@s.

terça-feira, 23 de junho de 2009

Uma verdade poderosa

É IMPORTANTE ESTAR NO COMANDO , PORÉM MAIS IMPORTANTE É SER HUMILDE INDEPENDENTE DO LUGAR QUE OCUPAMOS...
Um açougueiro estava em sua loja e ficou surpreso quando um cachorro entrou.
Ele espantou o cachorro, mas logo o cãozinho voltou. Novamente ele tentou espantá-lo, foi quando viu que o animal trazia um bilhete na boca.
Ele pegou o bilhete e leu: - 'Pode me mandar 12 salsichas e uma perna de carneiro, por favor. Assinado:'
Ele olhou e viu que dentro da boca do cachorro havia uma nota de 50 Reais.
Então ele pegou o dinheiro, separou as salsichas e a perna de carneiro,colocou numa embalagem plástica, junto com o troco, e pôs na boca do cachorro.
O açougueiro ficou impressionado e como já era mesmo hora de fechar o açougue, ele decidiu seguir o animal.
O cachorro desceu a rua, quando chegou ao cruzamento deixou a bolsa no chão, pulou e apertou o botão para fechar o sinal. Esperou pacientemente com o saco na boca até que o sinal fechasse e ele pudesse atravessar a rua.
O açougueiro e o cão foram caminhando pela rua, até que o cão parou em uma casa e pôs as compras na calçada. Então, voltou um pouco, correu e se atirou contra a porta. Tornou a fazer isso.
Ninguém respondeu na casa.
Então, o cachorro circundou a casa, pulou um muro baixo, foi até ajanela e começou a bater com a cabeça no vidro várias vezes. Depois disso, caminhou de volta para a porta, e foi quando alguém abriu aporta e começou a bater no cachorro.
O açougueiro correu até esta pessoa e o impediu, dizendo:
-'Por Deus do céu,o que você está fazendo? O seu cão é um gênio!'
A pessoa respondeu: - 'Um gênio? Esta já é a segunda vez esta semana que este estúpido ESQUECE a chave!!!'

Moral da História:
' Você pode continuar excedendo às expectativas, mas para os olhos de alguns, você estará sempre abaixo do esperado'
Qualquer um pode suportar a adversidade, mas se quiser testar o caráter de alguém, dê-lhe o poder.
Se algum dia alguém lhe disser que seu trabalho não é o de um profissional, lembre-se: Amadores construíram a Arca de Noé e profissionais, o Titanic.
Quem conhece os outros é inteligente. Quem conhece a si mesmo é iluminado. Quem vence os outros é forte. Quem vence a si mesmo é invencível.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Tah muito frio!!!


Aff, justo eu que detesto frio, vim morar num estado em que geada é comum nessa época do ano.

Pra minha sorte, ou não, hoje está sendo considerado o dia mais frio do ano... mas o inverno nem começou... imaginem, então o frio que está por vir (ai, meu pai)...
Ainda bem que o coração está esquentando de novo, neh?
rsrsrs
Beijos orvalhados... (mas cuidado pro orvalho naum virar geada)

terça-feira, 19 de maio de 2009

Nem Fodendo...

Conversando ontem com uma amiga sobre relacionamentos, pessoas e atitudes, percebi algumas coisas, que não faço mais, NEM FODENDO.

A primeira delas, foi que a maioria das pessoas tem a tendência de lutar por relacionamentos falidos. Falo isso muito por mim, pois já briguei muito por pessoas que no fundo eu sabia que não viriam.

O sentimento e vontade de estar junto tem que acontecer dos dois lados, não adianta brigar. Mas é bem complicado abrir mão quando o sexo é bom.

Vou contar algo para vocês (que provavelmente vocês já saibam). Sexo bom não é tão difícil de achar, logo, correr atrás de quem não quer estar junto. NEM FODENDO.

A segunda, foi sobre as pessoas, estas costumam não se decidir quando a situação é cômoda. Exemplo? Transar com ex.

O indivíduo já está namorando, teoricamente tem um namoro bacana, mas vira e mexe, passeia na sua cama e nos seus braços.

Isso é puro comodismo (para não falar outra coisa), meu bem, e por quê? Pois o serzinho maravilhoso já tem alguém do lado. Porém, sabe que com você o sexo é gostoso, mas só quem chupa o dedo (ui) depois é você.

Eu não nasci para ser amante, e você? Logo, ser amante de ex. NEM FODENDO, de novo.

A terceira, foi sobre atitudes. As atitudes de um ser humano (?) em particular. Pensava que a criatura era um problema particular, mas fiquei sabendo que ela dá em cima de todo e qualquer ser ereto que lhe cruzar o caminho.

Fui inclusive comunicada, que não devo conhecer esse ser pessoalmente, pois os riscos seriam grandes. Ali meu bem, NEM FODENDO gostoso.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

sábado, 9 de maio de 2009

Para esquecer que hoje é hoje

A Caeiro

Tenho olhos doentes
De pensar e penar.

Pensar sabores.
Penar insípidos calores.

Penar vetores.
Pensar somas carnais.

Olhos da mente.
Pensares do corpo.

Penas do físico.
Olhares pensantes.

Crônica doença
De quem guarda
E aguarda os olhos seus.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

A marca dos 100

Gente...
Nunca havia sonhado em cuidar de um blog.
Muito menos que atingiria a marca dos 100 posts.
Obrigada à Menina que está sempre aqui para ajudar quando sumo e a tod@s que passaram e passam por aqui.
Espero, daqui a uns dias, comemorar a marca dos 500, 1000, 1000000000.........
Para festejar.... um poema quentinho, saídos dos dedos há 5 minutos.
Beijos orvalhados e agradecimentos eternos.
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Pensante

Passo por você,
Pássaros cantando,
Maquinando o próximo passo.

Repasso, mentalmente,
Passagens de Florbela
No compasso da nossa dissimetria.

Espaço eterno,
Imaginado regaço,
Entre seu concreto aço
E minha nua apatia.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Atendendo a Pedidos

Depois de longos dias sem escrever nada que não fosse relacionado ao mestrado e às suas teorias literárias da pós-modernidade, consegui um intervalo para pensar em mim. E, fazer isso é, essencialmente, escrever. Por extensão, escrever é aparecer aqui no entrelinhas. Então, aqui estou eu. Atendendo ao pedido da Menina que me acompanha na tarefa de manter arejado este lugar (ainda que virtual) e, mais do que nunca, a um apelo daquilo que tenho por dentro e está saltando na vondade de sair.

Pois bem... hora de botar as coisas para fora!!!

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Ampulhetas e Bússolas


Havia seis meses que a única coisa que mudava naquele ambiente era a quantidade de pó nos móveis. Ninguém plantou novas flores, não foram feitos reparos na janela partida, nem mesmo a maçaneta da entrada fora trocada. O felino buscara um novo pires entre os vizinhos. Um quarto sem alma era tudo que se via pelo entreaberto da porta. Seis meses, seis horas, seis dias, seis anos, sei lá! Os instantes do tempo haviam se perdido por entre os grãos da ampulheta sobre a mesa de estudos.
Eu permanecera ali, tão vazia quanto meus olhos a apontar o norte quebrado da bússola que arremessara contra o vidro da janela. Não me levantara para virar o tempo. Deixei que se congelasse sobre o móvel marrom quase enegrecido pelo pó. Eu era apenas fuligem sobre os lençóis. Ou melhor, já não era. Não estava. Não me importava. Eu apenas restava. E o que a mim restava era esperar. Ela viria me buscar, mais dia, menos dia. Nunca fora convidada para participar de minha vida mas, assim como um hóspede inconveniente, habitava meu corpo, minha mente, meus olhos, minhas mãos. E, sem questionar, lhe entreguei as entranhas das minhas estranhas palavras. Não tinha mais voz, nem fala. Meu último gesto fora ficar sem norte. Seus passos dissipavam minha mudez e, arauto do destino, o eco anunciava que seria o momento de lhe entregar também meu fôlego, o derradeiro acompanhante. Pulmões inflados, para que o momento se retardasse uns grãos a mais; olhos quentes a escorrer, me aprontava para alargar o espaço entre os vidros da janela. Odiava o cheiro de cravos e jasmins que a simples idéia de sua existência me fazia sentir. Não sentia possuir coragem para encarar seus olhos de silêncio, mas permaneci ali, mais uma vez. Permaneci imóvel até que uma mão pequena e uns cabelos de nascer do sol empurraram a porta. Havia um bilhete num envelope negro: “Não poderei atender seu desejo. Aproveite os próximos 50 anos!”. Um vento quente soprou quarto a dentro e fez girar a ampulheta. Sem dizer palavra, os olhos azuis que se escondiam entre os cabelos de nascer de sol, tiraram do bolso a bússola arremessada. Novamente funcionando, magnética, para o norte.

Convites certos, Pessoas erradas.

Ontem, duas e três da manhã, recebo uma mensagem:

- "Estou no 'barzinho x', queria você aqui." (Confesso que esse não é um tipo de convite que eu recusaria com facilidade, ainda mais tendo passado o dia querendo beber).

Li a mensagem meio dormindo ainda, fechei o celular e voltei a dormir. Alguns minutos depois, e uma nova mensagem:

- “Estou no ‘barzinho x’, queria você aqui. Venha, é por minha conta.” (Ainda mais difícil de recusar, não?).

O primeiro processo aconteceu de novo. Meia hora depois a pessoa liga. Não atendi, claro.

Gente, que parte do “pessoas interessantes” esse ser não entendeu?

P.s. Ficaria feliz se a dona do blog voltasse a escrever, vocês também, né? Saudade dos seus textos Dew.

terça-feira, 5 de maio de 2009

To be or not to be (single) , that's the question.

Conversando ontem com uma amiga, cheguei a algumas “conclusões”. Uma delas é que por mais que eu queira alguém do meu lado, não quero namorar tão cedo.

É um tanto contraditório, eu sei, mas eu explico.

Eu sou um tipo de ser, que precisa ter alguém para mandar mensagem de bom dia/boa tarde/boa noite (sim, eu sou exagerada e mando nos três períodos). Porém, estou um tanto calejada com relacionamentos, e como disse na conversa que tive ontem, cheguei a conclusão que tenho que dividir com várias pessoas o que de melhor sei fazer. ;)

Isso é claro, não quer dizer que beijarei qualquer boca, e menos ainda, que irei pra cama com qualquer corpo, mas se for interessante e der moral, também não terei preguiça.

Tive a noticia dias atrás que minha ex vai se casar, a conversa a principio estava em cima disso. Essa minha amiga (nossa, na verdade) veio me perguntar se a futura sra. Encrenca era bonita (não é recalque, mas eu tinha que falar a verdade, afinal, ela poderia vir a conhecer a figura e não seria bacana que eu mentisse). Respondi que achava a dita estranha. Ela solta um:

- Eu não entendo.
- Não entende o que, amor? – perguntei.
- Não entendo como alguém consegue casar, com alguém estranho.
- Pois é, mas acontece. O que me deixa feliz é que eu ainda tenho várias pessoas pra passar pela minha cama, ops, vida, e que podem “colaborar” mais que ela. Agora, o que me deixa “triste” é saber que só terão uma a outra, e que a nova sra. Encrenca, não faz tão bem quanto.
- Você não vale nada, mas tem razão. – disse ela rindo.

Eu realmente não ando valendo nada, porque de acordo com a galera das bandas de cá, a gente vale o que come (e isso eu AINDA não estou fazendo). Mas daqui uns dias, vou valer muito, ou talvez menos que hoje, ou ainda pode ser que ambas as coisas. ;)

Ela está mais ou menos no mesmo pé, logo já estamos marcando de arrumar funções pela cidade.

Uma coisa eu garanto a vocês, o nome vai voltar a boca das pessoinhas da cidade, e eu vou voltar a fazer valer o sangue que corre nessas veias.

O importante mesmo nisso tudo, é ir aperfeiçoando as técnicas.

Coleira? Não tão cedo, está na hora de voltar a voar.

domingo, 3 de maio de 2009

Músicas e "músicas".

Ontem eu percebi, que não posso mais dizer que tem muita música ruim no mercado, mas sim começar a me ligar nas boas músicas que andam surgindo.


Quem me conhece sabe o quanto eu admiro a galera que canta na noite, e principalmente os que compõe.


Fui convidada para ir a casa de uma dessas amigas que faz show pela noite, aqui na cidade. Cheguei lá achando que íamos fazer um “sonzinho”, tomar cerveja e trocar idéia, mas assim que parei no portão já comecei a ouvir a sonzera. Bateria, guitarra solo, violão base e voz. Às vezes rolava uma flauta no meio. Comecei a beber e me entregar totalmente às músicas.


Passado um tempo chegou outra amiga nossa, a batera já tinha ido embora, mas começamos o som acústico. Eu já conhecia algumas composições das duas. Ontem conheci outras tantas que me fizeram apenas confirmar o talento das meninas.


Quando paramos o som, a dona da casa nos convidou para assistir a um DVD. Já tinha ouvido falar do Paulinho Moska, e do quanto o cara é bom, mas nunca tinha me interessado em ir atrás do som do sujeito. Fiquei fã dele, além de músicas muito, muito boas, ele tem umas viagens com elas. Nesse DVD, ele conta como nasceram as canções, o que acaba levando quem ouve a prestar mais atenção nos detalhes.


Terminado o DVD, todo mundo ainda na “pira” do Paulinho, mudamos para um programa da madrugada. Lenine e Marcelo D2 na TV, confesso que nunca gostei muito do segundo, mas vê-lo cantando com o Lenine, foi simplesmente mágico. Eles têm uma energia enorme no palco, conseguem fazer as pessoas sentirem aquela coisa boa, junto deles.


Tem uma rádio aqui na cidade, que só toca “musicão”. Descobri há pouco, mas desde que apresentaram, o carro só fica nela. Olhem a surpresa, meu pai para mim, era uma das pessoas de pior gosto musical do universo. Vê-lo cantando várias das músicas da rádio comigo, foi lindo.


Aí eu me pergunto, com tantos meios, como eu ainda conseguia falar da qualidade das músicas? O que tinha que ser questionado, era onde eu estava as buscando.


Logo, não são as músicas que estão ficando ruins. O problema é apenas a nossa (minha) “falta de vontade” de buscar coisa de qualidade. Disso eu consegui me libertar ontem, e vocês?


“...O que você faria se só te restasse esse dia?...” (isso é assunto para um outro post. ;))

quinta-feira, 30 de abril de 2009

O Meu Único Amor...

É engraçado como algumas coisas tem a capacidade de nos trazer agonia, alegria, choro, gritos e afins. Além de nos levar a fazer de tudo para ter um tanto disso tudo.

Quer um exemplo? FUTEBOL. Futebol tem uma capacidade de mexer com alguns, que é incrível.

Ontem, teve jogo do meu time. A tarde, estávamos em três amigas (todas integrantes da mesma torcida), e “descobrimos” que teria “movimentação” no nosso “batlocal” em dia de jogo, rs. Porém, tínhamos um problema. Uma das pessoas teria que trabalhar.

Agora vejam um exemplo para o “fazer de tudo”.

Fomos (nós duas) para o serviço dela, e começamos a “enrolar” a mocinha que trabalha com ela. Saí para fumar com a moça e fui à pessoa mais simpática do mundo (quem me conhece, sabe que não sou assim logo de cara). Voltamos e a minha amiga começou a contar uma “linda história de amor” (rs), para convencer e sensibilizar a moça, para ela nos deixar ir “resolver a vida da minha amiga” (vibrar com nosso time em campo, claro).

Quando saí do trabalho dela, estávamos desiludidas quanto a ela ver o jogo junto da galera.

Depois de alguns “contratempos”, eu e a outra amiga, fomos enfim para junto da nossa torcida. Chegamos lá, com o jogo quase começando. Aquela expectativa, todos os “gritos de guerra”, e todas as outras coisas que tínhamos direito.

Pouco tempo depois, o celular dela toca. Era a outra amiga perguntando se o jogo tinha começado, como estava tudo por lá, como estava o placar, e tudo que ela (enquanto torcedora) tinha o direito de perguntar. Morri de dó por saber que ela não ia, mas durou pouco (ainda bem). Pois a mocinha simpática que trabalha com ela, atendeu nossos apelos.

Começa o jogo, e com ele, começa também todos os sintomas que comentei no primeiro parágrafo. Primeiro tempo passado, e nada de gol, o que certamente aumentou a agonia e o nervosismo da galera. Já estávamos xingando metade dos jogadores (em campo ou não), treinador, juiz, e quem mais cruzasse o nosso caminho. Cheguei a falar mal de um dos nossos jogadores, pelo sobrenome do sujeito (motivos meus).

Início de segundo tempo, e lá vem outro mix de sentimentos, jogador expulso, e já apelávamos aos céus, às visualizações de rede balançando e tudo o que acreditávamos que ajudaria.

Final de segundo tempo, o caboclo do sobrenome que eu havia blasfemado quase o jogo todo, de vilão passou para mim (e claro para toda a torcida) a nosso herói da noite.

GOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOLLLLLLLLLLLLLLLL. Lindo gol que me fez engolir com gosto, todas as coisas das quais o chamei.

Soltamos o grito preso, berramos, pulamos, derrubamos cerveja, cadeira, quebramos cigarro, demos murro na mesa, no ar, cantamos o hino, e todas as músicas que automaticamente vinham a nossa mente, como uma bela sinfonia.

Resultado de tudo isso?

Hoje estou completamente rouca, com a canela machucada (e mais algumas marcas roxas pelo resto do corpo), morrendo de sono, porém com um imenso sorriso no rosto e uma grande vontade de que chegue logo o próximo jogo.

“... O MEU ÚNICO AMOR...”

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Depois de tempos sem escrever (não por falta do que falar, e sim pela falta de vontade de me expressar), volto aqui para encher um pouco a cabecinha de vocês (talvez para “aliviar” um pouco a minha).

É estranho “sentir” como os grupos se fazem e desfazem com facilidade. Passei por este processo algumas vezes, e todas elas muito sentidas.

Já tive rodas de amigos de todos os tipos, mas é incrível como uma hora ou outra (ou de uma hora para outra), estes se desfazem (por motivos diversos). Mas é gostoso saber que em todos os casos, um ou outro integrante deste, vai permanecer ao nosso lado.

Os grupos se desfazem, as amizades nunca, independente do tempo que se fique longe.

Esse fim de semana, ouvi de alguém muito importante, algo que já ouvi algumas (muitas) vezes na minha vida, que foi: - você não pode querer abraçar o mundo, com bracinhos tão pequenos. Até concordo que não possa, mas nunca deixarei de tentar.

Gosto de me dispor a ajudar os que me são raros, abraço sim o propósito de ajudar, e na maioria das vezes, tomo o “problema” para mim.

Confesso que dependendo da situação acabo “prejudicando” o crescimento desse alguém, mas sempre na tentativa de ajudar.

Se pudesse, se tivesse o direito ou o poder de tirar a dor/agonia (ou qualquer coisa do tipo) das pessoas que gosto, tomar pra mim e solucionar todos os problemas dos grupos que fiz parte, o faria sem pensar duas vezes. Mas isso também não está ao meu alcance (infelizmente).

Logo, o que me resta é continuar ao lado e fazendo o que posso pelos que ficam.

Sinto falta dos que foram? Muita. Mas sei que alguns deles não se fazem mais presentes, por falta minha também, e não os culpo.

O texto está um tanto confuso, talvez, eu sei. Pois existem várias histórias subentendidas nele. Porém com um “mesmo sentido”.

Acho que só queria expressar algumas coisas.

Entender? Nem eu entendo, então, não se preocupem em fazê-lo.

quinta-feira, 26 de março de 2009

Universo

- Calma, o universo tem suas curvas, mas as elipses sempre se fecham...


Por que será que K sempre tinha as respostas poéticas na ponta dos dedos? E, por que nunca era eu a tê-las? Será que havia algo errado? Era muito mais fácil sentir que traduzir meus sentimentos, pensamentos, desejos. A amizade era forte, a cumplicidade também. Era quase uma fraternidade. Irmãs nascidas de pais, mães e lugares distintos. Família escolhida a dedo, na ponta dos dedos. E ela continuava traduzindo meu âmago.


- ... Ela está pensando na noite que virá.... No exato momento em que, fechadas num mesmo universo, não em paralelo como hoje, que comportará as energias de ambas e que... quando as mãos tocarem a pele e os lábios estabelecerem o vácuo para o exterior.... Acontecerá uma explosão recriadora de todo o universo circundante às vidas e existências de vocês.


Meu amor, um Big Bang? Quem mais senão K nos leria desse modo? Mais uma maneira peculiar de ler o mundo por seus olhos verdes. Também nunca entendi como sua visão astigmática lia minha B como se já a tivesse visto.


- Sei que você também sonha que seu leito fosse uma estrela espargindo luz no olho de um buraco negro, neutralizando a força que vive a subtrair tua presença da dela. Que suga a possibilidade de teus olhos cruzarem com o brilho do sorriso que só ela tem.


Olhos fechados, eu me limitava a imaginar o infinito estabelecido para que eu e B pudéssemos ter nos encontrado nessa vida. Intangenciável universo em que nos pertencíamos, em que nossos sonhos trocavam segredos.


- E cada estrela dessa bucal constelação piscando em ritmo próprio é um convite à concretude para todos os anseios trocados pelas noites em que o negro da tela se convertia em planetário.


Despercebidamente, um pingo de saudade rolou por minha face. Sentia saudades das mãos que preenchiam meus poros, da umidade que me saciava a sede. Saudade de coisas que nunca haviam sido minhas pelo tato, ou pelo paladar. Coisas que só o sexto sentido possuíra incontáveis vezes.

Em desatino, minha mente recriava os mais acalorados sonhos em que janelas suavam o vapor de nossos corpos e paredes reverberavam os sussurros que não mais precisavam ser calados, nem bem educados. Podíamos deixar que o teto se convertesse em céu, as nuvens em testemunhas e a lua fosse a julgadora do mérito do nosso amor.


- Planetário em que o gigante Órion é coadjuvante num universo em tremenda evolução e conspiração pelo amor de vocês.


Apoiada em meus cotovelos, deixei K contemplar o vermelho dos meus olhos. Ela conseguira transformar o que era choro de saudade em compulsão de esperança. Eu sorria novamente, por entre o sal dos cantos dos lábios. Não havia mais tristeza pelo ainda por vir. O que existia era mais aspiração pelo futuro. Desejava, com toda a honestidade da minha alma que os dias que me seapravam de B planassem como nebulosas. Repletos de eteriedade.

Haveria sempre o sol das manhãs para guiar meus passos para a cumplicidade de nossas noites. Haveria sempre um anjo velando por mim, por B, e pelo amor. K estaria sempre lá, mirando-me nos olhos como se todas as galáxias de meus pensamentos e sentimentos orbitassem sua alma.

O que falar? Como expressar gratidão pela paz que o universo me dava? Eu tinha B. Ela seria minha, ela já era minha e eu a ela pertencia. Voluntariamente. Voluptuosamente. Universalmente.


Mais uma vez... fui traduzida por meus olhos. K e eu nos abraçamos. E a paz que era minha se tornou nossa. Minha, de B e de K.

quarta-feira, 11 de março de 2009

Selinho da Pucci

Ganhei um selo (vejam soH) chamado "Simplicidade, Talento e Sentimento" oferecido pela Mah.

ADOREIIIIII
E, agora, repasso para a Rosa mais perfumada.
Copie o selo para seu blog e exponha-o com o link de quem você recebeu e para quem você o indicou!

sábado, 7 de março de 2009

Presente

As felicidades da vida nem sempre são aquelas que queremos pra nossa. Pior é quando elas estão por perto e a gente não consegue ver... ou elas não nos enxergam como gostaríamos.
Às vezes é uma questão de presença. Aliás... sempre é uma questão de presença. Porque toda ausência é uma presença memorial. Só não me perguntem o que fazer quando se percebe a materialidade de alguém que nunca se viu pessoalmente. Nessas horas... como se classificar algo que nunca se fez presente pra ser ausência e não é memória para ser falta?
Há felicidades que se enquadram exatamente na lacuna aberta por essas ausentes/presenças, ou presenças ausentes, como possam preferir. Definir é algo impossível nessas horas em que o coração sorri e se alegra quando basta uma janelinha se abrir no canto da tela do computador ou um nome aparecer no mostrador do telefone. Mesmo com fotos, não conhecemos fisicamente; mesmo com horas de conversa, ainda faltam muitos detalhes. Detalhes que a amizade, o carinho, o bem querer, os sentimentos cuidam de preencher. E, o que nunca foi tocado, apenas sonhado, passa a existir materialmente. Por isso a falta. Por isso a ausência. Porque os espaços são tomados e ganham materialidade. Por isso, hoje, no teu aniversario, Nanda, posso afirmar categoricamente que você é Presente. Em todos os sentidos. Um presente da vida para muitas existências. E, só me cabe agradecer às duas. A você por se permitir presente em minha vida e à vida por permitir sua existência em mim, em cada um desses espaços preenchidos e presentificados.

sexta-feira, 6 de março de 2009

Sim

Que faço agora? Se já estou encantada, se toda vez Nando Reis canta “Sim” na minha mente? Quem mandou você ser esse anjo distraído, de pouca estatura e grande magnetismo? Nem sei se posso ou se mereço meu cheiro em suas roupas e minha lembrança nos teus pensamentos. Sei que o dia todo lá está você fazendo mestiçagem entre meus sonhos e minha realidade.

Aquela frase do bom demais pra ser verdade se enquadraria perfeitamente nesse caso, se não fosse tudo tão palpável quanto teus cabelos, se minha íris já não estivesse assumindo o contorno desenhado do teu sorriso.

Quem teria coragem de não notar a diferença que seu senso de humor provoca no meu? Ou ainda a minha inteligência aprisionada pela sua natural mente.

Tudo tão natural de fato que nem sei direito o que dizer, perdida entre as vontades de fazer e ser. Carinho, presentes, de me fazer presente, de ter meu nome na tua boca, de ter tua boca. Em mim sinto tudo se encaminhar para você e tremo.

Sim, é forte.

Sim, é surpreendente.

Sim, está me vencendo.

Sim, estou me entregando.

Sim, é o inesperado mais desejado.

E, sem duvida, o "ai taurina" mais melodiosamente lindo apoiado nos teus cotovelos.

Se você me perguntasse, eu responderia... se me pedisse eu diria...

Sim.



(Um presente para a Mah... de quem gosto muito)

Não

Não vou enunciar o que sinto. Nem eu sei direito. Gostaria muito de poder gritar que é amor, paixão, querer bem, gostar, apreciar, whatever. Mas nunca estive em tão grande brainstorm. Queria mais sinceridade no que sinto e no que falo. Me sinto hipócrita quando meu coração grita que te quer e eu apenas balbucio que você e importante na minha vida. Covardia tremenda, imperdoável. Mas, não! Também não vou despir meus sentimentos dessa forma. Já senti na pele a queimadura arder mais do que eu me sentia capaz de suportar. Se não sei o que quero, posso garantir que sei o que não quero. Não quero a vulnerabilidade me rondando novamente. Não depois de anos de treinamento cardíaco para desenvolver a pseudo-carapaça de resistência às dores que os relacionamentos francos e abertos trazem. Tudo bem. Pode chamar de covarde mesmo. Eu prefiro dizer que estou me prevenindo.
Prevenção, aliás, que esta me impedindo de ir a lugares em que sei haveria mulheres. Gordas, magras, lindas, feias, inteligentes, estúpidas, de toda sorte e qualidade. Não vou. Não sinto vontade. Estranho esse comportamento, mas não cedo. Meu corpo quer paixões para se queimar. Mas o cérebro quer quietude de mar. E o coração, encouraçado, apresenta fendas desconhecidas e por isso precisa se manter longe dos possíveis perigos. Vai que alguma delas aproveita a brecha, entra, se aloja, usa o que tiver de bom lá dentro e me descarta? Não gosto de dejavu.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Solteira

Não mais que tres semanas
Legião Urbana

Composição: Renato Russo


Não mais que três semanas
E sempre um sorriso quando lembro:
Foi ano passado.
(Tão correto e tão bonito-
O tempo é realmente um dos deuses mais lindos).



E veio forte a armadilha
Forte como o desempate:
"One-night stands", fotografias,
Ponte-aérea, enrevistas.
O trabalho? Quase férias!
E então quase rotina.
As ciladas eam rimas
E a resposta um toca-fitas.


Tenho estado distraído
E até contente e sem juízo.
E mesmo assim sei, por instinto:
Muitos sentem o que eu sinto.
Impacientes e indecisos
Cada um com seus motivos -
Sem trabalho? Sem alívio.
A armadilha é só isso.


É um feitiço tão latino
E essa preguiça é um feitiço:
Um exílio pelo avesso
Que desvia o compromisso

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Se

Se arde, não sei.

Se queima, não sinto.

Se fere, não dói.


Insensata,

Insensível,

Instável.


Se passa, não penso.

Se pássaro, não vôo.

Se pesa, meu fardo.


Se eleva, só sonho.

sábado, 24 de janeiro de 2009

Falando nisso.... (Partitura)

Numa noite dessas eu olhava as estrelas e lembrava de quando éramos crianças. Crianças sujas, é verdade, mas apenas da terra que hoje não vemos mais. Eu, por não suportá-la em minhas recordações; você, por não estar mais nessas canções.

(Lembra, que chamávamos canções a cada uma das vidas desses seres mandões? É..., a sua chegou à última nota; nenhum acorde pode-se ouvir dessa sua caixa acústica...)

Falando nisso..., nas estrelas, a sua está cada vez mais brilhante. Gostaria de saber porque isso acontece, mas, fazer o quê?

Estou com tédio de tocar sempre a mesma música. Será que nunca alterarei essa minha partitura? Tudo nela é sempre semi-breve...

Ah! Queria que você estivesse aqui, para fazermos uma pausa – dessas de 4 tempos -, uma daquelas que fazíamos ouvindo as estrelas...

Falando nisso..., a sua está aparecendo mais cedo a cada dia...

Você sabe que eu gosto de arranjos. Mas nesses últimos dias... Tudo são versões de uma mesma melodia.

Sei que você não pode ouvir essas notas, escritas numa partitura um pouco torta, amarelecida pelo uso, mas, na verdade sou eu que preciso tocá-las. Tocá-las significa ter você aqui de novo.

Mas, falando nisso..., hoje estou com você no pensamento. E a sua estrela..., ela piscou para mim. Ou melhor, acho que ela fez isso. Ainda assim, quem pode me condenar?

Penso em suas cordas, e lembro que estão como as sementes daquela terra que nos deixava plenos de sujeira. E odeio a terra, que roubou de mim as suas colcheias, as suas fusas...

Essas tuas durações..., doces e intensas. E há quem pede que eu esqueça!

Olha só a sua estrela...

Falando nisso..., ontem ela me cantou seu endereço. Sei onde é, mas às vezes esqueço. Mas, eu mereço!...

Sabe, estou pensando em dar minhas últimas notas. Sei que você não gostaria nada disso, mas, olha, é uma maneira de estar com você.

Um dia eu ouvi que as canções que se interrompem nem sequer deixam um resto de ritmo. Não quero que se lembrem de mim como uma sinfonia inacabada.

É por isso que continuo nessa repetição sem fim das mesmas notas, dos mesmos acordes.

Tenho dó de mim, que estou na terra. Queria ser como você, sol.

Falando nisso...

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Uma postagem... noutro blog

Querid@s...

Além de escrever minhas coisinhas aqui, algumas vezes (menos do que gostaria) escrevo postagens no blog da minha Rosa mais Canela.

Escrevi algo que gostei muito este final de semana... mas como estava editando por lá, e eu andava mesmo devendo mais atenção ao Cirandas... ficou postado lá Entretanto, além de aproveitar a oportunidade para conhecer as cirandas dessa minha rosa amada, deem uma passada lá e confiram o post, please!!... OK??

O link é esse aqui: http://cirandasdeumarosa.blogspot.com/2009/01/sobre-as-pessoas-e-gostar-delas.html

Beijos Orvalhados

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Um poema

Anjos?


Céu triste.

Nuvens sem risos.

Trovões gritando

Gotejantes raios

Sem firmamento.


Quarto radiante.

Almofadas, perfumes.

Boca sugando

Teu arco, minha Íris,

Sim, firmemente.


Pena das hostes

Abandonadas.

Sorte a minha,

Arcanja que me toca

O clarim, o sino.


Terreno desejo:

Dama alada em

Profanas poses.

Eu orvalho

Em suas tempestades.


Endemoniante.

Angelical.

Decaída em suas asas

Tenho revelações.


Sexo dos anjos

Entre nimbos lençóis.

Sem tridentes.

Entre dentes,

Divina língua.