quinta-feira, 26 de março de 2009

Universo

- Calma, o universo tem suas curvas, mas as elipses sempre se fecham...


Por que será que K sempre tinha as respostas poéticas na ponta dos dedos? E, por que nunca era eu a tê-las? Será que havia algo errado? Era muito mais fácil sentir que traduzir meus sentimentos, pensamentos, desejos. A amizade era forte, a cumplicidade também. Era quase uma fraternidade. Irmãs nascidas de pais, mães e lugares distintos. Família escolhida a dedo, na ponta dos dedos. E ela continuava traduzindo meu âmago.


- ... Ela está pensando na noite que virá.... No exato momento em que, fechadas num mesmo universo, não em paralelo como hoje, que comportará as energias de ambas e que... quando as mãos tocarem a pele e os lábios estabelecerem o vácuo para o exterior.... Acontecerá uma explosão recriadora de todo o universo circundante às vidas e existências de vocês.


Meu amor, um Big Bang? Quem mais senão K nos leria desse modo? Mais uma maneira peculiar de ler o mundo por seus olhos verdes. Também nunca entendi como sua visão astigmática lia minha B como se já a tivesse visto.


- Sei que você também sonha que seu leito fosse uma estrela espargindo luz no olho de um buraco negro, neutralizando a força que vive a subtrair tua presença da dela. Que suga a possibilidade de teus olhos cruzarem com o brilho do sorriso que só ela tem.


Olhos fechados, eu me limitava a imaginar o infinito estabelecido para que eu e B pudéssemos ter nos encontrado nessa vida. Intangenciável universo em que nos pertencíamos, em que nossos sonhos trocavam segredos.


- E cada estrela dessa bucal constelação piscando em ritmo próprio é um convite à concretude para todos os anseios trocados pelas noites em que o negro da tela se convertia em planetário.


Despercebidamente, um pingo de saudade rolou por minha face. Sentia saudades das mãos que preenchiam meus poros, da umidade que me saciava a sede. Saudade de coisas que nunca haviam sido minhas pelo tato, ou pelo paladar. Coisas que só o sexto sentido possuíra incontáveis vezes.

Em desatino, minha mente recriava os mais acalorados sonhos em que janelas suavam o vapor de nossos corpos e paredes reverberavam os sussurros que não mais precisavam ser calados, nem bem educados. Podíamos deixar que o teto se convertesse em céu, as nuvens em testemunhas e a lua fosse a julgadora do mérito do nosso amor.


- Planetário em que o gigante Órion é coadjuvante num universo em tremenda evolução e conspiração pelo amor de vocês.


Apoiada em meus cotovelos, deixei K contemplar o vermelho dos meus olhos. Ela conseguira transformar o que era choro de saudade em compulsão de esperança. Eu sorria novamente, por entre o sal dos cantos dos lábios. Não havia mais tristeza pelo ainda por vir. O que existia era mais aspiração pelo futuro. Desejava, com toda a honestidade da minha alma que os dias que me seapravam de B planassem como nebulosas. Repletos de eteriedade.

Haveria sempre o sol das manhãs para guiar meus passos para a cumplicidade de nossas noites. Haveria sempre um anjo velando por mim, por B, e pelo amor. K estaria sempre lá, mirando-me nos olhos como se todas as galáxias de meus pensamentos e sentimentos orbitassem sua alma.

O que falar? Como expressar gratidão pela paz que o universo me dava? Eu tinha B. Ela seria minha, ela já era minha e eu a ela pertencia. Voluntariamente. Voluptuosamente. Universalmente.


Mais uma vez... fui traduzida por meus olhos. K e eu nos abraçamos. E a paz que era minha se tornou nossa. Minha, de B e de K.

quarta-feira, 11 de março de 2009

Selinho da Pucci

Ganhei um selo (vejam soH) chamado "Simplicidade, Talento e Sentimento" oferecido pela Mah.

ADOREIIIIII
E, agora, repasso para a Rosa mais perfumada.
Copie o selo para seu blog e exponha-o com o link de quem você recebeu e para quem você o indicou!

sábado, 7 de março de 2009

Presente

As felicidades da vida nem sempre são aquelas que queremos pra nossa. Pior é quando elas estão por perto e a gente não consegue ver... ou elas não nos enxergam como gostaríamos.
Às vezes é uma questão de presença. Aliás... sempre é uma questão de presença. Porque toda ausência é uma presença memorial. Só não me perguntem o que fazer quando se percebe a materialidade de alguém que nunca se viu pessoalmente. Nessas horas... como se classificar algo que nunca se fez presente pra ser ausência e não é memória para ser falta?
Há felicidades que se enquadram exatamente na lacuna aberta por essas ausentes/presenças, ou presenças ausentes, como possam preferir. Definir é algo impossível nessas horas em que o coração sorri e se alegra quando basta uma janelinha se abrir no canto da tela do computador ou um nome aparecer no mostrador do telefone. Mesmo com fotos, não conhecemos fisicamente; mesmo com horas de conversa, ainda faltam muitos detalhes. Detalhes que a amizade, o carinho, o bem querer, os sentimentos cuidam de preencher. E, o que nunca foi tocado, apenas sonhado, passa a existir materialmente. Por isso a falta. Por isso a ausência. Porque os espaços são tomados e ganham materialidade. Por isso, hoje, no teu aniversario, Nanda, posso afirmar categoricamente que você é Presente. Em todos os sentidos. Um presente da vida para muitas existências. E, só me cabe agradecer às duas. A você por se permitir presente em minha vida e à vida por permitir sua existência em mim, em cada um desses espaços preenchidos e presentificados.

sexta-feira, 6 de março de 2009

Sim

Que faço agora? Se já estou encantada, se toda vez Nando Reis canta “Sim” na minha mente? Quem mandou você ser esse anjo distraído, de pouca estatura e grande magnetismo? Nem sei se posso ou se mereço meu cheiro em suas roupas e minha lembrança nos teus pensamentos. Sei que o dia todo lá está você fazendo mestiçagem entre meus sonhos e minha realidade.

Aquela frase do bom demais pra ser verdade se enquadraria perfeitamente nesse caso, se não fosse tudo tão palpável quanto teus cabelos, se minha íris já não estivesse assumindo o contorno desenhado do teu sorriso.

Quem teria coragem de não notar a diferença que seu senso de humor provoca no meu? Ou ainda a minha inteligência aprisionada pela sua natural mente.

Tudo tão natural de fato que nem sei direito o que dizer, perdida entre as vontades de fazer e ser. Carinho, presentes, de me fazer presente, de ter meu nome na tua boca, de ter tua boca. Em mim sinto tudo se encaminhar para você e tremo.

Sim, é forte.

Sim, é surpreendente.

Sim, está me vencendo.

Sim, estou me entregando.

Sim, é o inesperado mais desejado.

E, sem duvida, o "ai taurina" mais melodiosamente lindo apoiado nos teus cotovelos.

Se você me perguntasse, eu responderia... se me pedisse eu diria...

Sim.



(Um presente para a Mah... de quem gosto muito)

Não

Não vou enunciar o que sinto. Nem eu sei direito. Gostaria muito de poder gritar que é amor, paixão, querer bem, gostar, apreciar, whatever. Mas nunca estive em tão grande brainstorm. Queria mais sinceridade no que sinto e no que falo. Me sinto hipócrita quando meu coração grita que te quer e eu apenas balbucio que você e importante na minha vida. Covardia tremenda, imperdoável. Mas, não! Também não vou despir meus sentimentos dessa forma. Já senti na pele a queimadura arder mais do que eu me sentia capaz de suportar. Se não sei o que quero, posso garantir que sei o que não quero. Não quero a vulnerabilidade me rondando novamente. Não depois de anos de treinamento cardíaco para desenvolver a pseudo-carapaça de resistência às dores que os relacionamentos francos e abertos trazem. Tudo bem. Pode chamar de covarde mesmo. Eu prefiro dizer que estou me prevenindo.
Prevenção, aliás, que esta me impedindo de ir a lugares em que sei haveria mulheres. Gordas, magras, lindas, feias, inteligentes, estúpidas, de toda sorte e qualidade. Não vou. Não sinto vontade. Estranho esse comportamento, mas não cedo. Meu corpo quer paixões para se queimar. Mas o cérebro quer quietude de mar. E o coração, encouraçado, apresenta fendas desconhecidas e por isso precisa se manter longe dos possíveis perigos. Vai que alguma delas aproveita a brecha, entra, se aloja, usa o que tiver de bom lá dentro e me descarta? Não gosto de dejavu.