um beijo molhado
uma língua que se apresenta ao trabalho
profundo, árduo, penetrante
respiração que se altera
a cabeça mudando de lado
sem separar os lábios
mão na nuca
outra no seio
pressão do corpo
há uma parede
para depositar
os tremores do corpo
a intensidade das sensações
o aroma do perfume que exala feromônios
acrescentando desejo ao contato físico
e os poros gotejam pedidos de que nada pare
os passos se movem para o reservado quarto
as mãos se apressam em obedecer o comando
de liberar a pele para sentir
e os pelos para eriçar
não está frio, mas os arrepios são visíveis
os corpos solicitam o calor alheio
a nudez das almas se completa
e o beijo se torna doce
o que eram dois agora é uno
as carnes confusas
confundem o ar que se adensa
aroma inconfundível
de prazer se desprende
em movimentos delirantes
enquanto mãos percorrem
as bocas sugam, as línguas secam e molham
as gargantas gemem
e cabeças pendem
cinturas, quadriz, pernas
brincam um bambolê inexistente
não há pausas
apenas o ritmo frenético de amantes
úmidos lencóis testemunham a declaração
física do prazer a brotar dos corpos
que se olham e devoram com íris em fogo
tudo são suspiros ofegantes
e um novo beijo se prolonga
é selada a paz nessa batalha
carícias são trocadas
a respiração quer desacelerar
os corações batem como loucos
e o fogo do olhar se converte em pluma
que toca o ser amado juntamente
com as pontas dos dedos que ainda tremem
a boca se dedica ao sorriso
e abrindo-se levemente
deixa escapar o sentido de toda essa dança
"Amo-te, te amo, amo você"